quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Cuidado Com o Tempo Sentado.


Isto mesmo, cuidado com o tempo sentado. Foi a conclusão de um estudo publicado no mês de maio deste ano no Medicine and Science Sports Medicine. Este estudo foi conduzido pelo renomado pesquisador Peter Katzmarzyk e colaboradores do Centro de Pesquisa Biomédica da Universidade de Pennington, nos Estados Unidos e do Instituto de Pesquisa em Aptidão e Estilo de Vida de Ottawa, no Canadá.
Esses achados são provavelmente os primeiros a demonstrar associação do tempo sentado com mortalidade, e levaram em consideração mesmo indivíduos ativos.
Até a pouco tempo sempre observávamos os relatos de tempo em frente a TV e computador e associação com o risco de obesidade, como o que foi verificado por MATSUDO et al (1997) analisando crianças de ILHABELA, litoral norte de São Paulo, em que encontrou além de maior gordura corporal, redução da agilidade, força muscular e potência aeróbica, isto entre os que reportavam mais que 4 horas assintindo televisão. Mas, esta nova associação tem sido investigada com muita preocupação, principalmente se pensarmos que os trabalhos braçais desde a Revolução Industrial na França foram substituídos por máquinas. Isto significa que o movimento humano tem perdido seu espaço e vemos muitas profissões que basta uma mesa e um computador para elaborar ou resolver o problema. O perigo mora aí, são horas e horas sentado na frente do computador, como eu estou fazendo agora. Para este problema a Dra. Catrine Tudor Loke, a maior especialista em pedômetro (marcador de passos) do mundo, utiliza uma esteira rolante com um computador acoplado para efetuar seus trabalhos e desta forma não fica sentada e ainda aumenta o seu gasto calórico em esta atividade no seu dia-a-dia.
Mas, voltemos à pesquisa. Os pesquisadores analisaram por meio de pesquisa retrospectiva (com dados coletados anteriormente e analisados nos dias atuais) 7.278 homens e 9.375 mulheres com idade entre 18 e 90 anos de idade, pertencentes ao Canadá Fitness Survey (Estudo que acompanha indivíduos ativos do Canadá). Vários dados são levantados durante o período da entrevista como: nível de atividade física, ingestão de álcool, morbidades associadas e outras perguntas. Para esta pesquisa foi levantado o tempo em que os indivíduos permaneciam sentados durante o dia, incluindo escola, trabalho ou em casa. As respostas foram fechadas e a partir daí foram incluídos em um dos cinco grupos: maior parte do tempo sentado, ¾ do tempo, ½ do tempo, ¼ do tempo ou pouco tempo. Para o cruzamento das variáveis foram reportados o nível de atividade física, consumo de álcool, IMC e tabagismo.
O desfecho das análises apontaram que em todas as variáveis analisadas quanto maior o tempo sentado durante o dia maior foi a taxa de mortalidade e, acreditem, inclusive entre os mais ativos o fenômeno também ocorreu. Só para ter uma idéia, se o indivíduo ficasse sentado durante a maior parte do dia e ainda por cima era um sedentário o risco de morte, por todas as causas e por doenças cardiovasculares, foi de 86% maior que um sedentário que ficou pouco tempo sentado. Entre os ativos o risco foi 40% maior para o grupo maior tempo sentado comparado com o grupo pouco tempo sentado. Obviamente, o grupo quando foi analisado comparando o IMC (Índice de Massa Corpórea) foi absurdamente maior a taxa e o risco de mortalidade. No grupo muito tempo sentado comparado com o pouco sentado, os valores chegaram a quase 4 vezes maior de chances de morte.
Em nossa prática do dia-a-dia podemos utilizar este estudo nos aconselhamentos ou orientações para que nossos clientes, alunos, amigos e familiares (inclua-se também) reduzam o tempo sentado para possibilitar menores chances de morte, tanto por todas as causas como por doenças cardiovasculares.
Obs.: Nas análises conduzidas pelos pesquisadores o tempo sentado não teve associação significativa com a mortalidade por câncer.



Referência:
KATZMARZYK PT; CHURCH TS; . CRAIG CL; BOUCHARD C. Sitting Time and Mortality from All Causes, Cardiovascular Disease, and Cancer. Med. Sci. Sports Exerc. 2009; 41 (5): 998–1005.


Iniciei as informações por este trabalho por achar de grande valia e de fácil aplicação no nosso meio. Fiquem a vontade para questionar a pesquisa.
Aguardo comentários.
Muito obrigado e um forte abraço.

Prof. Mauricio dos Santos
Mestrando em Neurociência pela Universidade de São Paulo (USP)
Especialista em Fisiologia do Exercício pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
Especialista em Musculação e Condicionamento Físico pela UniFMU
Especialista em Ciências do Esporte pelo Celafiscs
Membro do Celafiscs
Assessor Técnico-Científico do Programa Agita São Paulo

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